segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E SUAS REPERCUSSÕES SOCIOAMBIENTAIS

As mudanças climáticas globais têm se manifestado de várias formas, destacando-se o aquecimento global e a ocorrência de fenômenos climáticos extremos. Desde a Revolução Industrial, a temperatura global vem aumentando e a comunidade científica tem afirmado que a intensificação do efeito estufa tem como causa o aumento da concentração de determinados gases na atmosfera, dentre eles o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4).

O efeito estufa é visto como o principal causador do aquecimento global. Trata-se de um fenômeno natural, indispensável à maioria das formas de vida, causado pela presença de determinados gases na atmosfera, que por este motivo são conhecidos como gases de efeito estufa (GEE). Ocorrem naturalmente na atmosfera em concentrações determinadas por fatores naturais. Os principais gases estufa são o vapor de água (H2O), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o dióxido de carbono (CO2). Este último, o mais conhecido, além de ser lançado na atmosfera de forma natural, também é lançado em decorrência das atividades antrópicas, principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pela destruição e queimada de florestas, neste último caso, colaborando para o aumento do albedo e exposição do horizonte orgânico do solo à decomposição da matéria orgânica que libera gás carbônico mais facilmente.

A atmosfera possui a capacidade de depurar a maioria dos gases. Entretanto, quando as taxas de emissão superam a capacidade de depuração a dinâmica da atmosfera muda para encontrar um novo equilíbrio.

Nesse contexto, a Revolução Industrial é um marco histórico no processo de aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, representado pelo aumento intenso no consumo de combustíveis fósseis, evidenciando a relação das atividades humanas com o aumento das concentrações desses gases.

As mudanças climáticas podem impactar através do aumento da frequência e da intensidade de enchentes e secas; de perdas na produção agrícola; do surgimento e crescimento de desertos podendo inviabilizar a produção de alimentos, deslocando para as cidades vasto número de pessoas em busca de sobrevivência, agravando os problemas urbanos; de ameaças à biodiversidade; de mudanças no ciclo hidrológico; do aumento de doenças, dentre outros. As regiões semiáridas estão entre as mais vulneráveis a tais mudanças, assim como as populações de menor renda.

A vulnerabilidade das populações face às consequências das mudanças climáticas configura-se o real problema, tendo em vista a fragilidade das populações para lidar com tais consequências.

Dentro dessa perspectiva, buscando solucionar os problemas atinentes ao aquecimento global, várias políticas voltadas para as mudanças climáticas foram adotadas desde Estocolmo (1972). A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (1992) objetivou estabelecer diretrizes e condições para a estabilização dos gases de efeito estufa na atmosfera. O Protocolo de Quioto (1997) visou a diminuição das emissões de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo efeito estufa. A Conferência de Bali (2007) se manteve na mesma linha do Protocolo de Quioto, propondo a intensificação nas reduções dos gases de efeito estufa. A Conferência de Copenhague (COP-15), em 2009, se manteve na mesma linha de objetivos e metas, porém sem muito êxito prático, dados os conflitos de interesse entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.

Nessa perspectiva, a questão das mudanças climáticas tem sido revestida de forte carga ideológica, onde alguns defendem as reduções nas emissões alegando ser o homem agente intensificador dos processos de mudanças climáticas, caracterizando-a como antropogênica. Em contrapartida, outros defendem o caráter geogênico destas mudanças, alegando não haver provas suficientes que possam ligar o aumento na utilização de hidrocarbonetos e emissão de dióxido de carbono às mudanças climáticas desfavoráveis em razão das atividades antrópicas.

Enquanto as discussões e os problemas se prolongam, as populações em situação de pobreza sofrem com as consequências das mudanças climáticas. Essas mudanças repercutem de forma diferenciada nos distintos segmentos sociais. A elevada desigualdade social influencia na questão dessas mudanças. As populações em condições de vulnerabilidade socioambiental possuem maior exposição a esses problemas, o que é evidenciado pelas precárias condições de vida e de trabalho, expressos através da pobreza, condições precárias de habitação e acesso limitado aos sistemas produtivos.

Assim, é necessário que se crie a consciência de que o meio ambiente global é único, que o sistema atmosférico é interligado e age diretamente sobre a configuração da superfície. Para combater as mudanças climáticas todos os países precisarão agir no combate ao aquecimento global, cabendo primordialmente aos grandes emissores, os países desenvolvidos, agirem ativamente na busca por um desenvolvimento sustentável. Os efeitos das mudanças no clima ocorrem em todos os países e todos e estão suscetíveis aos seus efeitos adversos e as populações mais pobres terão maior dificuldade em lidar com os problemas.